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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto e biografia:
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JOÃO BENTES

(  Portugal  )


João Paulo Ferreira Bentes nasceu no Romeirão, Ericeira, a 12 de Outubro de 1971. Iniciou os estudos musicais aos 12 anos com o seu pai e posteriormente na Banda Filarmónica Cultural da Ericeira.
É Licenciado pela Academia Nacional Superior de Orquestra, no Curso de Instrumentista de Orquestra em Trompete, tendo sido aluno do professor David Burt. Concluiu o Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre em Ensino de Música no Instituto Piaget em Almada.

Em Outubro de 1989 ingressa no Exército e no ano de 1992 entra para o Quadro Permanente, ficando colocado na Banda do Exército. Aí desempenha as funções de 1º Trompete Solista e de professor até 2006. Ministrou Cursos de Aperfeiçoamento em todas as Bandas do Exército e foi “Lead Trumpet” na Orquestra Ligeira do Exército durante 9 anos.

Participou em classes de aperfeiçoamento com Allen Vizzutti, Thomas Stevens, Mattias Höfs, Michael Sachs, Pierre Dutot, Jens Lindemann, Friedmann Immer, Laurent Filipe, David Krauss, John Miller, Phill Norris, Murray Greig, Jon Faddis, Jeroen Berwaerts, Fred Sautter, Kristian Steenstrup, Marco Pierobon e Benjamin Moreno.
Particularmente ainda trabalhou com os professores Bo Nilsson, Steve Mason, Jorge Almeida, Sérgio Pacheco e Hugo Alves.

Frequentou Workshops sobre a “Teoria da Aprendizagem” de Edwin Gordon com Michael Martin e Helena Caspurro.

Colaborou com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquestra Sinfónica Juvenil, Orquestra Clássica da Madeira, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Académica Metropolitana e Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras.
Com grupos de Música de Câmara atuou por todo o país e também no estrangeiro. Nomeadamente, em Denver (E.U.A.) onde atuou no Internacional Trumpet Guild em 2004 e em Manchester (Inglaterra) no Northern College of Music, em 2005.

Orientou Cursos de Aperfeiçoamento no Conservatório de Música de Aveiro de Calouste Gulbenkian, Conservatório de Música de Águeda, Conservatório de Artes e Música do Dão, Escola de Artes da Bairrada, Escola Profissional da Jobra e nos IV, V e VI Estágios de Verão e Curso de Aperfeiçoamento de Sopros e Percussão em Amarante.

É professor de trompete na Academia de Música de Santa Cecília.

 

 

SULSCRITO  3   junho 2010.   SULSCRITO    antologia da indiferença    [Tavira, Portugal: 4águas editora]     87 p.    
ISSN 1646-7744
.                            Ex. bibl. Antonio Miranda

  O.I.  no. 2

  O raio fundo da luz no olho artificial dos cavalos metálicos
bendita a ferrugem que os corrói para que venham outros
mais capazes mais modernos mais tudo
para o que a infinita fome humana tenha para gastar
para a soma de todos os lixos que esventrem a terra

O bailar dos óleos fósseis à superfície da água
é uma iridescente infusão de cores desmantelada pela física
só superada pelo esmagar de árvores em literatura
ou pela explosão do hidrogênio do vaivém na sua rota
ou pelas vezes que a grande grua da construção atravessa
os céus de todas as cidades com homens nas ruas para o trabalho                                                                    

Um cronómetro de pus negro reflui ar queimado nos pulmões
e é por isso que os dias são tão certos como calendários
que basta consultar para garantir às horas de serem dúvidas
o que os catálogos das grandes lojas emanam do real

Hoje os prédios são mais altos par estarmos mais pertos do céu
lá onde os satélites de comunicações descrevem firmes órbitas
onde tudo adivinha espaço eletromagnetismo e radiação solar
onde tudo está demasiado alto para ter certezas ontológicas
onde o arrepio vazio transfigura o medo refulgente da espécie

E da vertigem betuminosa a convulsão operária do comum
quando o arroto do desejo acrescenta um algarismo bancário
o alarme microondas soa automaticamente orgânica
a beleza fria do plástico e a elasticidade incrível do aço

Fábricas que fecham fábricas que abrem
engrossam as grandes estações do tratamento de resíduos
onde rebatem os arneiros na urgência de novo ouro
há uma alegre selvajaria sob a possibilidade tecnológica de tudo

Não há tempo para lamentar marés negras
nem o poderio belicista das altas esferas da finança
pois há tratados atmosféricos que zelam pela saúde
e canais fluorescente de notícias institucionalizadas

Há cidades de agora mais ruinas medievais
do que nas enciclopédias dedicadas à idade das trevas
um resumo de aspectos cancerígenos para a história do futuro
um dicionário de vícios no curso universitário
a colisão iminente o paradoxo meteórico o lixo
mastigado nos dentes que as gaivotas hão de ter

Quando a higiene me calça as luvas do silêncio
só acedo à funda veia de sangue vacinado
e adormeço com a força propulsora dos transatlânticos
que levam os grandes casinos para o outro lado do mundo

A previsão é um alerta vermelho de agoraínas
para toda a espécie de hipocondria traficante de inocência
na utopia as estrelas são televisão sobre os céus do neolítico



O.I. no. 4

Apodrecem lá ao longe as velhas gruas do cais
e cada vez mais alto o betão se insinua

o ruidoso motor dos aviões está me enterrado na cabeça
aqui já quase não chega o grito nocturno dos pássaros

todo desfalece numa animosidade infantil de ver passar
o espanto de um turista  que aponta e fotografa alheio
ou alguém que é pago para fazer perguntas  sobre a minha casa

sei que há planos e planos dentro de outros planos
e os planos que foram aí serão aqui também.

o que eu já não consigo evitar do que mim sinto
é só da grande vontade que tenho de não ficara para ver
os milhões que vão fazer as férias luxuosas de alguns
a defesa inútil do que só o mar poderá um dia redimir


*

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Página publicada em abril de 2023


 

 

 
 
 
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